sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Passagem de Ano "Le Reveillon no Palácio da Bolsa"



Depois do extraordinário sucesso obtido em 2011, a edição de 2012 do “Le Reveillon” volta a ter lugar no Palácio da Bolsa.


Website oficial: www.lereveillon.pt/porto/


Bilhetes à venda no Palácio da Bolsa.


Preços:

- (pré venda – até 24 de Dezembro): 30€

- (pré venda – após 24 de Dezembro): 35€


INFORMAÇÕES E RESERVAS: 916515547 / porto@lereveillon.pt


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Revista "O Tripeiro" - Dezembro 2012


Mário Melo Rocha em destaque na edição de Dezembro da revista “O Tripeiro”.

Nas bancas a partir do próximo dia 10.

......
P.V.P.: €3,00 / Assinatura anual: €35,00

Contacto: 223 399 048 (José Leão)

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Prova de Vinhos Solidária


A Associação Bagos d’Ouro, em parceria com o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP), vai organizar uma prova de vinhos única, no próximo dia 13 de Dezembro, pelas 18h00, no IVDP Porto (Rua Ferreira Borges, 27).

Com vinhos topo de gama do Douro em prova, oferecidos pelos Parceiros Corporate da Associação Bagos d’Ouro, teremos vários vinhos exclusivos.

A prova será conduzida pelo Eng.º Bento Amaral, Responsável da Câmara de Provadores do IVDP.

As reservas deverão ser efetuadas através de mtbastos@bagosdouro.com

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Revista "O Tripeiro" - Novembro 2012


 
A Rua das Flores, Manuel António Pina e Nuno Grande, em destaque na edição de Novembro da revista “O Tripeiro”.

Nas bancas a partir do próximo dia 12.

......
P.V.P.: €3,00 / Assinatura anual: €35,00

Contacto: 223 399 048 (José Leão)

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

1ª Feira de Emprego e a Angolanização da Economia


O Consulado Geral de Angola no Porto, em parceria com a Associação Comercial do Porto, o Grupo Casais, a Telhabel Construções e o Grupo 7 Cunhas/Tintas Europa, vai realizar nos próximos dias 13 a 17 de Novembro, no Palácio da Bolsa, a 1ª Feira de Emprego e a Angolanização da Economia.

Mais informações através do endereço electrónico info@feiradeempregoangola.com




quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Clipping







Seminário "O Orçamento de Estado e a Troika: medidas fiscais, laborais e para o imobiliário em 2013”

No próximo dia 29 de Novembro, pelas 9 horas, terá lugar no Palácio da Bolsa um seminário subordinado ao tema “O Orçamento de Estado e a Troika: medidas fiscais, laborais e para o imobiliário em 2013”.


A assistência a esta iniciativa da Associação Comercial do Porto é gratuita, estando no entanto limitada à disponibilidade dos lugares existentes. Por esse facto solicitamos a sua reserva através do número 223 399 047 ou pelo endereço paulovaz@cciporto.pt

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Curso: Finanças para Não Financeiros - 9 e 10 Outubro - Palácio da Bolsa


A Associação Comercial do Porto vai realizar, nos dias 9 e 10 de Outubro 2012, um Curso de Finanças para Não Financeiros, que será composto por um workshop de “O Fundamental da Contabilidade” e um workshop de “O Fundamental da Análise de Balanços”.

 

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

NYSE Euronext lança a segunda edição do Fórum de Bolsa

28 e 29 de Setembro de 2012 no Palácio da Bolsa, Porto

 
A segunda edição do Fórum de Bolsa regressa ao Porto já na próxima semana. O evento, organizado pela NYSE Euronext Lisbon, terá lugar no Palácio da Bolsa nos dias 28 e 29 de Setembro e terá a sua abertura feita pelo Secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação, Carlos Oliveira.

Entre as nove da manhã e as oito da noite, os visitantes do Fórum de Bolsa 2012 podem participar em workshops, conferências e debates, conduzidos por mais de 30 oradores. Os intermediários financeiros estarão presentes num showroom,  colocado no antigo trading floor, com stands individuais onde apresentarão os seus produtos, cotados em bolsa.

O Fórum de Bolsa tem entrada livre, mediante preenchimento de ficha de inscrição, disponível em www.bolsadelisboa.com.pt/eventos.  O Fórum também está presente no Facebook.

 
Luís Laginha de Sousa, CEO da NYSE Euronext, Lisbon, disse: “O Fórum de Bolsa 2012 assume-se como uma oportunidade para reforçar a ligação de vários intervenientes no mercado de capitais Português, com a comunidade que procuram servir. Em linha com o que aconteceu em 2011, esperamos que esta segunda edição permita debater e esclarecer contributos que podem ser encontrados ou desenvolvidos através do mercado de capitais, para ajudar a ultrapassar os desafios que o nosso país enfrenta. Um mercado de capitais activo e vibrante pode contribuir para prespectivar o crescimento económico, proporcionando o financiamento às pequenas empresas e opções de poupança para os investidores de retalho”.

 
Este ano, o Fórum conta ainda com uma intervenção do presidente do Instituto de Gestão do Crédito Público (IGCP), João Moreira Rato, sobre o tema “Instrumentos de dívida pública”.

Abel Sequeira Ferreira, Amadeu Ferreira, António Vitorino, Carlos Machado, Carlos Tavares, Jean-Michel Godeffroy, João Margarido, João Neves, José Catarino, José Freire, José João Froes, José Veiga Sarmento, Manuel Caldeira Cabral,  Manuel Puerta da Costa, Nuno Severiano Teixeira, Paulo Rangel, Pedro Costa e Raúl Marques são algumas das personalidades que os visitantes terão a oportunidade de ouvir e colocar questões.

Banco Best, Banco BIG, Banco Bilbao Vizcaya Argentaria, BPI, Banco Invest, Caixa Banco de Investimento, Citi, Go Bulling (Banco Carregosa), Grupo Banco Espírito Santo, Millennium BCP, Montepio, Orey Financial e Santander Accionistas terão os seus próprios espaços e participarão ainda em workshops que cobrirão diferentes temas, tais como gestão activa e passiva de carteiras de investimento, plataforma de negociação: um mundo de alternativas, a sua empresa na Bolsa: empresas cotadas e a sua experiência, nova oferta nos instrumentos de dívida, gestão de riscos de investimento e instrumentos de cobertura, entre outros. São ainda associados a este evento a Altavisa e o Deutsche Bank.

A iniciativa foi também bem acolhida por outras entidades que a apoiam, tais como a Associação Comercial do Porto e a Câmara Municipal do Porto, a Delta Cafés e a Vitalis.

 
Para mais informação é favor contactar:

NYSE Euronext Lisbon
Sandra Machado / Paula Cordeiro
+351 91 777 68 97/ +351 96 40 46 778
PressOfficeNYSEEuronextLisbon@nyx.com

 

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Privatização da ANA - Discurso de Dr. Rui Moreira na Assembleia Municipal do Porto



Senhor Presidente da Assembleia Municipal,
Senhor Presidente da Camara,
Senhores Vereadores,
Senhores Deputados Municipais,
Portuenses

Começo, naturalmente, por agradecer o honroso convite para estar hoje, aqui, e pela segunda vez em poucos meses, para vos falar de um tema que a todos preocupa e aflige. Desta feita, para ajudar à vossa reflexão sobre o futuro do nosso aeroporto. Entendo que o tempo de que disponho, por vossa gentileza e generosidade, necessita de ser rentabilizado. Não me alongarei, por isso, em grandes considerações sobre a importância do aeroporto no desenvolvimento futuro da nossa cidade. Esse é um tema que, felizmente, recolhe opinião unânime de todos os quadrantes políticos, de todos os observadores, de todos os cidadãos. Diria apenas, como tenho dito, que a nossa cidade, que se chama Porto, dependeu no passado da sua actividade portuária, da mesma forma que depende hoje da sua actividade aeroportuária. O aeroporto é pois a nossa porta para o Mundo e, simultaneamente, o maior vector da nossa competitividade. Uma competitividade que depende da nossa capacidade de abrir a nossa economia, exportando bens e serviços, de valor acrescentado. É por essa razão que todos estamos muito preocupados com o seu futuro, e ninguém nos perdoará, nos anos vindouros, se não nos envolvermos na discussão sobre o assunto. Tema que, como os senhores deputados bem sabem, esteve sempre na agenda da Associação a que presido.

Dito isto, permitam-me que saliente que não sou um defensor de qualquer modelo de privatização. Nesta matéria, preferiria o status quo a qualquer outra situação. Não se trata de uma questão ideológica, ainda que respeite essas opções. Resulta de uma convicção pessoal de que existe uma dificuldade óbvia em compatibilizar os interesses públicos e os interesses privados que, sendo ambos legítimos, nem sempre podem ser articulados. Bastará para isso dizer, e perdoar-me-ão a simplificação, que o interesse público, salvaguardada que esteja a sustentabilidade do projecto, assenta na maximização do movimento de passageiros e carga, enquanto o interesse privado reside, fundamentalmente, na maximização dos resultados ou, se preferirem, do lucro. Desideratos cuja sobreposição está longe de ser óbvia.

Ainda assim, creio que essa discussão compete aos senhores deputados. É essa a vossa missão, enquanto representantes do povo. A minha presença nesta casa tem um outro objectivo. Entendo que é mais útil assumir que, de uma forma ou de outra, e em função dos compromissos assumidos pelo Estado português, é inevitável admitir que haverá um envolvimento privado na gestão do aeroporto.
Nesse aspecto, permitam-me que tente desmontar um mito, recorrentemente invocado. O mito de que a gestão da Ana é muito competente. Creio, aliás, que o modelo de privatização que foi adoptado tem, como co-autor, o seu concelho de administração. A meu ver, os elogios relativamente à gestão da Ana olvidam, desde logo, que os resultados positivos decorrem de o monopólio público ter uma taxa média por passageiro que, de acordo com um estudo recente divulgado pelo professor João Marrana, da CCDRN, equivale ao dobro da que é aplicada em Espanha.

Ao mesmo tempo, ninguém esquecerá que a administração da Ana defendeu que o novo aeroporto de Lisboa deveria ser na Ota, tendo induzido em erro vários ministros a quem convenceu de que não haveria solução mais conveniente, nomeadamente na margem Sul. Depois, desvalorizou, propositadamente, o modelo Portela + 1, tentando construir um argumento falso de que o actual aeroporto de Lisboa estaria próximo de atingir a sua capacidade plena. Enquanto isso, fez investimentos nesse aeroporto que excedem o custo de construção do aeroporto FSC. E, mesmo quanto ao nosso aeroporto, sabe-se que houve erros de projecto que foram muito convenientes para as construtoras mas desastrosas para o erário público. Reconheça-se o edifício é, além do mais, pouco eficiente em termos energéticos, o que aumenta o seu custo de operação. Finalmente, a ANA foi sempre, e continua a ser neste momento, um instrumento do centralismo. Recordo, a propósito, que a sua administração se opôs à instalação de uma base da Ryanair, questão em que me envolvi, e que só foi resolvida depois de uma intervenção pessoal do anterior primeiro-ministro, que presenciei, e que para isso fora instado pelas forças vivas do Norte. Por fim, a recusa reiterada em divulgar as contas especializadas do nosso aeroporto, o que tem obstado a que se conteste o que tem sido dito sobre a transferência de receitas, é uma prova muito eloquente de que essa administração nunca esteve interessada em qualquer modelo alternativo que não fosse a privatização em bloco que acaba de ser anunciada.


Senhor Presidente, Senhores Deputados,
Como Vossas Excelências bem sabem, a Ana é a concessionária pública dos nossos aeroportos, sendo uma empresa de capitais públicos. Admitindo que é necessário alienar a totalidade ou uma parte desses activos, impunha-se uma avaliação cuidada dos modelos alternativos. Sucede que o modelo que tem sido seguido em outros países, que optaram pela privatização, ou pela concessão a privados dos seus aeroportos, aponta para que haja benefícios na privatização destes em separado. Ou seja, o modelo de monopólio privado que abranja todo o sistema aeroportuário não é o único modelo possível nem é, provavelmente, aquele que permite maximizar os benefícios.

Há, estamos em crer, argumentos suficientemente fortes, a favor e contra cada uma das alternativas, para que a questão assuma um carácter empírico, sendo importante trazer argumentos quantitativos para cima da mesa. No caso português, e para além da questão dos aeroportos dos Açores que têm uma complexidade evidente, sucede que os três aeroportos continentais têm características próprias. No caso da região de Lisboa, sabe-se hoje que o modelo a adoptar, que poderá alicerçar-se no modelo Portela mais um ou pela construção de um novo aeroporto de raiz, ao que tudo indica na carreira de tiro de Alcochete, dependerá, em larga medida, do que vier a suceder com a privatização da TAP, na medida em que só então se poderá avaliar se o “hub” de Lisboa será mantido. Quer isto dizer que, se a ANA for privatizada “en bloc” sem que esta premissa esteja devidamente esclarecida, haverá um factor de incerteza que certamente será descontada no valor. O mesmo não sucede, como se sabe, com o aeroporto Francisco Sá Carneiro ou com o aeroporto de Faro, cujo valor intrínseco e potencial não será afectado por essa variável, na medida em que não dependem da companhia nacional.
Por essa razão, a privatização das concessões aeroportuárias em separado poderia permitir um calendário diferenciado e sequencial, em que a privatização dos aeroportos de Porto e Faro não estaria dependente, no tempo, da privatização da TAP, podendo, no limite, precedê-la com vantagens em termos do tempo de obtenção de receitas. Quanto à concessão de Lisboa poderia ser alienada num prazo posterior, uma vez esclarecida a questão da TAP.

Acresce ainda que o modelo da privatização “en bloc” pela sua dimensão e valor, só será acessível a grandes consórcios, enquanto a privatização em separado pode interessar a investidores industriais ou operadores de aeroportos que dificilmente terão dimensão para concorrer a um concurso que abranja todo o sistema. Ou seja, é lícito deduzir que haveria mais procura, e muito mais interessados, numa privatização em separado de aeroportos com características bem diferentes entre si, o que poderia trazer ganhos extraordinários nos vários concursos e potenciar um resultado final mais interessante, não apenas na dimensão financeira mas também no que ao desenvolvimento regional diz respeito.

Finalmente, é bem sabido que as linhas aéreas, e as “low cost” em particular, têm sempre mostrado grandes reservas quanto aos modelos de monopólio privado dos sistemas aeroportuários, mesmo quando limitados a circunscrições locais (v.g. , Londres) e essa é uma questão particularmente relevante do ponto de vista do interesse público.


Sucede, contudo, que estes argumentos, que em tempo tive oportunidade de apresentar ao Senhor Primeiro-Ministro, não terão vingado. O Governo terá decidido avançar com a alienação do capital da ANA. Ou seja, a transferência do actual monopólio público para o sector privado, o que resultará num modelo de monopólio privado.
Aparentemente, o Governo optou por esse modelo por considerar que garante um maior encaixe financeiro. Creio que o Governo olvidou e negligenciou os custos da regulação, que serão inevitáveis. Acresce, ainda, que esse modelo só resultará num maior encaixe financeiro se os privados acreditarem que essa regulação será inconsequente. Ou seja, o Governo admite, e resigna-se, ao facto de que o monopólio será desregulado, a exemplo de outros que conhecemos. E, bastará ler os jornais para compreender que, por isso, esta privatização já interessa aos grupos económicos que se especializaram nesse saque.

Ora, quer a OCDE, que emitiu um relatório a esse propósito, quer a delegação do FMI, com quem tive oportunidade de falar sobre o assunto há algumas semanas, reconhecem que o Governo não deveria basear o modelo de privatização numa análise custo-benefício financeira. Ou seja, entendem que a maximização do encaixe não deveria determinar o modelo, porque a análise custo-benefício deve incluir, também os factores macro-económicos. Por fim, esse modelo representa, como se sabe, um risco terrível para o aeroporto do Porto. Bastará, aliás, invocar que o Governo, na sua resolução, admite que o modelo visa garantir a capacidade de financiamento das suas actividades e investimentos, nomeadamente de um aumento da capacidade aeroportuária na região de Lisboa.
Compreende-se, hoje, que as incertezas que pesam sobre Lisboa, e sobre o que sucederá à TAP, presidiram à decisão que, para além do mais, interessa a alguns grupos económicos que olham a hipótese da construção de um novo aeroporto, protegido por um monopólio, como uma oportunidade única. O Governo, pelo seu lado, não sabe ainda se necessitará de um novo aeroporto em Lisboa, porque ignora o que sucederá com a TAP, mas sabe que, para que esse aeroporto venha a ser construído pelos privados, terá de ser um Hub. E, para que esse hub ganhe massa crítica, independentemente do que suceda à transportadora aérea, é importante que o aeroporto Sá Carneiro não lhe possa fazer concorrência. Pelo contrário, é uma reserva de procura, principalmente numa fase em que se aproxima da sua capacidade máxima.

Quer isto dizer, senhores deputados, que a opção natural do monopólio privado, e que é legítima do ponto de vista a sua estratégia, será a de moderar a procura no aeroporto Francisco Sá Carneiro, através de um aumento de tarifas que também aumentará o lucro, de forma a resolver a difícil equação de Lisboa.


Sucede que essa lógica, que é, repito, lícita do ponto de vista do privado, colide directamente com os nossos interesses, enquanto região. E, por muito que entenda as expectativas da Junta Metropolitana, não acredito que seja possível garantir uma intervenção directa dos nossos autarcas, ou dos nossos poderes democráticos,  na gestão do nosso aeroporto, se este fizer parte de um monopólio privado. Poderão ter uma missão de aconselhamento, mas não terão intervenção nas tarifas e na atracção de rotas e de operadores porque o privado nunca aceitará essa tutela, independentemente do que possa vir a ficar consagrado no caderno de encargos.

Independentemente dos interesses regionais, que são legítimos, acreditamos que mesmo em termos financeiros, a soma das partes pode valer mais do que a alienação total. Entendemos os constrangimentos que dizem respeito ao financiamento, mas acreditamos que, também esses podem ser ultrapassados.
Seria conveniente, porventura, estudar a possibilidade de criar subsidiárias da ANA, de forma a não prejudicar as condições dos financiamentos existentes, e que dificilmente poderão ser replicadas na actual conjuntura internacional; esse é um dos argumentos que temos ouvido, e que não nos convence.

O que tem sido invocado é que a ANA tem, ainda, financiamentos, muito interessantes, anteriores aos problemas de “rating” da República, e que não poderão ser garantidos se a privatização for feita em separado. Ora, esse é um falso argumento. Em primeiro lugar, porque esses financiamentos terão, garantidamente, uma “change of ownership clause”. Ou seja, poderão ser objecto de resgate obrigatório, se o accionista da ANA deixar de ser o estado português. E, nesse caso, esse ónus pesa, de forma equivalente, sobre os modelos de privatização em bloco e em separado.


Na realidade, a forma de obstar a esse risco de financiamento, se não for possível sindicar a dívida existente e convencer os bancos financiadores da Ana de que não há um acréscimo de risco,  passa por um modelo de subconcessões. Ou seja, um modelo em que a ANA continuaria a ser uma empresa pública, concessionária do serviço público de gestão dos aeroportos. Essa empresa poderia subconsessionar os três aeroportos, em separado, garantindo um conjunto de compromissos e de garantias que podem ser consignados num contrato de concessão, como acontece nos portos. Nesse modelo, a supervisão por parte dos poderes regionais poderia ser acautelada sem grande dificuldade. Poderia haver uma cláusula de trigger, que obrigasse o subconcessionário a fazer obras de ampliação, sempre que o aeroporto estivesse perto do seu nível máximo de capacidade, poderia, igualmente, haver um mix entre rendas fixas e variáveis que beneficiasse o aumento de movimento ou que onerasse a sua redução. Tudo isso são modelos que foram testados nas concessões portuárias que tem tido um sucesso assinalável.

Dir-se-á, e é verdade, que o modelo das subconcessões não permite um encaixe total à cabeça. Sabe-se que esse encaixe se destina a reduzir a nossa dívida externa. Garante, no entanto, uma maior rendibilidade no longo prazo e receitas que entram directamente na conta do défice público. E nada impede, sequer, que haja um pagamento inicial considerável, por parte do concessionário.
Não é difícil encontrar outras modalidades que garantam a gestão autónoma do nosso aeroporto e que não condicionem a política do Governo e aquilo que está previsto no memorando com a Troika. O que não pode suceder é deixarmos que o nosso aeroporto tenha, como destino, fazer parte de um enxoval que será oferecido a quem pague mais, a troco de um monopólio nacional, a quem assuma as incertezas que pesam sobre Lisboa à custa do nosso aeroporto, a quem esteja muito interessado em comprá-lo por valorizar a sua “nuisance value”, e esteja pouco ou nada interessado em aumentar o seu movimento.

O aeroporto Francisco Sá Carneiro é, como todos sabemos, e a par do porto de Leixões, um factor de competitividade crucial para a nossa região. Está por provar que tenha resultados negativos. Os nossos estudos demonstram o contrário, e é essa a percepção dos investidores, na medida em que há interessados na privatização na base stand alone.


No futuro, o aeroporto não deixará de estar sujeito à concorrência dos aeroportos galegos, que concorrem com o seu “hinterland”. Se fizer parte de um monopólio desregulado, esse seu hinterland será dividido entre os aeroportos da Galiza e o novo aeroporto de Lisboa. É esse o risco que pesa sobre uma cidade e uma região que têm, por isso, o dever de reclamar e contestar, propondo alternativas que sāo favoráveis ao todo nacional, e não decorrem de impulsos bairristas. Foi por isso que aceitei o vosso convite.
Muito obrigado!

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Convite - Segunda Edição do Fórum de Bolsa - 28 e 29 Setembro no Porto


O Fórum de Bolsa 2012 destina-se a investidores, empresários, comunidade académica, bem como todos os interessados em perceber melhor os vários temas que influenciam o funcionamento dos mercados de capitais em geral e o Português em particular.


O Fórum será composto por um ciclo de conferências, debates e sessões de apresentação, com a presença de oradores reconhecidos nas suas áreas de especialização, e também por uma zona de exposição onde poderá efectuar um contacto individualizado com os intermediários financeiros presentes.

Saiba mais aqui
Registe-se já, aqui

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Clipping

1. Mesmo quem não é do Porto já terá visto, ouvido ou lido sobre o estado de degradação a que chegou o mercado do Bolhão. Houve, até hoje, vários projectos, mais ou menos caros e polémicos, para resolver o problema. Por uma razão ou por outra, nenhum avançou. Com o passar do tempo, a situação tem-se vindo a agravar, atingindo um estado crítico. A intervenção tornou-se ainda mais urgente, logo numa altura em que os recursos mais escasseiam. Paradoxalmente, talvez tenham sido estas circunstâncias extremas a facilitar um acordo entre Rui Rio e o Partido Socialista para a viabilização de uma requalificação simplificada que trouxesse o orçamento para níveis dentro das possibilidades financeiras da Câmara do Porto. Esta alternativa foi recusada pela Direcção Regional da Cultura do Norte (DRCN) para quem "os projectos, em especial os de recuperação e reabilitação de imóveis classificados, não podem ser feitos 'a metro' ou 'a retalho". Sustentar a alteração "apenas no argumento financeiro pode significar hipotecar irreversivelmente a possibilidade de transformar o Mercado do Bolhão num mercado para o século XXI ou adiar a sua morte". Resumindo: mais vale o Bolhão ruir com dignidade do que ser adulterado. O argumento financeiro é um "apenas". De somenos importância. Os mercados (estes!) morrem de pé. Não sei o que seria de nós sem estes zelosos defensores do património e cultura.
2. Para não dizerem que só falo do Norte, a segunda história passa-se numa praia de Loulé. Aos fins-de- -semana, com a maior afluência de banhistas, lá aparece um par de GNR que procura disciplinar o estacionamento. Manhã cedo, dispõem uns "pimenteiros" no asfalto, impedindo que se estacione no meio de um pequeno largo e nas bermas de uma rampa que dá acesso a dois outros espaços de estacionamento, em terra batida (e esburacada). Estacionam a respectiva viatura e ali ficam, vigilantes ao que se passa no... asfalto. A palavra--chave é "asfalto". Privados de alguns dos lugares em que costumam estacionar, os automobilistas vão-nos inventar nos parques em terra. Aí reina o caos. Nada que preocupe os zelosos agentes de autoridade: desde que, à sua frente, a circulação se processe ordeiramente, tudo está bem. Descer à terra, literalmente, não é com eles. Talvez não tenham orçamento para engraxar as botas!
3. Como de costume, o desempenho dos atletas portugueses nos Jogos Olímpicos foi pretexto para polémica. Cada cabeça, sua sentença: esteve ao nível de competições anteriores, foi pior ou melhor. Houve de tudo, como antigamente se dizia das farmácias. Não faltaram, sequer, declarações de alguns inefáveis dirigentes desportivos que, aproveitando os seus dez minutos de fama, descobriram que Portugal não estaria como está se todos fossem tão competentes no que fazem como os nossos atletas olímpicos. E só não são melhores por o Estado não lhes dar o apoio (leia-se subsídios) que merecem. É claro! Entretanto, as famílias de dois atletas americanos, vencedores da medalha de ouro, endividaram-se até à falência para apoiar a sua preparação. Faltaram--lhes dirigentes desportivos e uma ajuda do Estado à altura.
4. Há, porém, quem não aprenda e vá fazendo pela vida, sem esperar pelo Estado. Munna e Boca do Lobo dizem-lhe alguma coisa? São empresas de mobiliário. Sofisticado, cosmopolita e que, por isso, anda na boca do mundo. A Munna é finalista, com uma poltrona e um sofá, em duas categorias de um prémio internacional de design de produtos de interior. Pode saber mais, e votar, em http://thedesignawards.co.uk/products/voting-2012.html . A Boca do Lobo viu uma das peças mais icónicas ser escolhida para capa do suplemento de luxo "How to Spend it" do jornal "Financial Times". Fazem parte de uma geração de empresários que tem contribuído para a revitalização da indústria de mobiliário que, quem diria, conjuga requinte e qualidade com a recuperação do saber fazer tradicional, quantas vezes artesanal, e que aspira à projecção internacional. Mais um exemplo de que tradição pode rimar com inovação.







segunda-feira, 20 de agosto de 2012

CURSO DE COMÉRCIO INTERNACIONAL: 11 e 18 Outubro 2012




CURSO DE COMÉRCIO INTERNACIONAL – 2ª EDIÇÃO, PORTO
11 & 18 de Outubro 2012


LOCAL:         Associação Comercial do Porto, Câmara de comércio e Indústria
Palácio da Bolsa, Rua ferreira Borges, Porto.

A CCI – Câmara de Comércio Internacional é a maior organização mundial de empresas. Fundada em 1919, congrega hoje milhares de empresas e associações de mais de 130 países, tendo como principal actividade a criação de regras que, por aceitação voluntária das partes, regem a maior parte das relações comerciais no mundo. Entre estas regras encontram-se os Incoterms®2010, URDG, UCP 600, ISBP entre outras.

Dirigido a todos os profissionais que executem operações de comércio internacional, este curso analisará, através de sessões teóricas e práticas, as regras da CCI para o comércio internacional, envolvendo a resolução de casos práticos que ajudam a testar a aquisição dos conhecimentos e ferramentas necessárias para o seu negócio.

Para mais informações contacte: Sara Romano de Castro (T: 21 346 33 04 | E: sara.castro@icc-portugal | mms@acl.org.pt)

EPI- APFAPE: Gabinete Pró Emprego


Na prossecução dos objetivos da EPI- APFAPE, que trabalha na melhoria da qualidade de vida das pessoas com epilepsia e respetivos cuidadores e, em articulação com a Liga Portuguesa Contra a Epilepsia, a EPI promove vem promover o seu novo projeto que resulta da candidatura ao financiamento promovido pelo Instituto Nacional de Reabilitação – INR - Gabinete Pró-emprego!

A intervenção do Gabinete Pro Emprego visa colaborar ativamente na promoção da integração ocupacional/ profissional da pessoa com epilepsia, fazendo um acompanhamento individualizado e em articulação estreita com as entidades que atuam na área da integração/ formação profissional, e auxiliar na gestão de verbas governamentais que tenham um impacto positivo – potenciar a integração profissional.
Gabinete Pró Emprego pretende colmatar as fragilidades no aconselhamento vocacional da pessoa com epilepsia realizada pelos organismos públicos e angariar entidades patronais disponíveis para conhecer a realidade da epilepsia e integrar colaboradores com epilepsia.
Pretende-se implementar um Serviço de Orientação Ocupacional e Profissional para maiores de 16 anos, complementando as medidas promotoras de emprego apoiado para pessoas com deficiência e limitação do IEFP:
·         Orientar e integrar 60 candidatos no percurso profissional ou ocupacional, de acordo com a sua situação clínica, habilitações académicas e áreas de interesse;
·         Orientar os candidatos para aumentar o nível de escolaridade;
·         Sensibilizar as entidades de apoio a Emprego (Centro de Emprego, UNIVA) para a relação entre os vários tipos de epilepsia, riscos laborais associados e profissões desaconselhadas;
·         Contribuir para uma adaptação da oferta formativa ao perfil do candidato com epilepsia;
·         Angariar empresas e associações “amigas” da pessoa com epilepsia para integração de estágios, contrato de emprego de inserção, entre outras medidas de integração.

O projeto permitirá promover a capacitação e a integração das pessoas com epilepsia no mercado de trabalho. Em termos de resultados:
- potencial no aumento da escolaridade ou experiência profissional;
- potencial de integração após conclusão no local de acolhimento;
- maior sensibilização das entidades empregadoras para integrar pessoas com epilepsia;
- melhorar a resposta das estruturas de Centro de Emprego, Agência de recrutamento e Univa;
- prevê-se que a abordagem sobre a patologia junto das entidades que avaliam e encaminham pessoas para o mercado de trabalho se traduza numa crescente adequação das respostas que vão encontro das necessidades; bem como a sensibilização às empresas amigas, evitando situações de discriminação ou não contratação com base na epilepsia.

Sobre a EPI:
EPI desenvolve ações de âmbito nacional, através das suas delegações do Porto (Sede), Coimbra e Lisboa e tem como objetivos promover a saúde, o bem-estar social, e a integração socioprofissional e ocupacional das pessoas afetadas por qualquer forma de epilepsia e a defesa dos direitos das pessoas afetadas por qualquer forma de epilepsia.
É objetivo da EPI a promoção de serviços que forneçam uma reposta adequada à população com Epilepsia, indo de encontro às suas necessidades. Faz parte dos objetivos da EPI criar e manter as atividades que permitam divulgar conceitos e atitudes que combatam a ignorância e contrariem os preconceitos associados às epilepsias; propor medidas legislativas, regulamentares ou outras que respeitem os legítimos interesses das pessoas afetadas por qualquer forma de Epilepsia; editar, em qualquer suporte, material informativo e pedagógico sobre as epilepsias; criar estruturas ou serviços próprios para alcançar os objetivos.

Sobre Epilepsia e Emprego:
Estima-se a prevalência da epilepsia em 500 milhões de pessoas em todo o mundo e cerca de 50 mil em Portugal, o que representa cerca de 1% da população. Segundo Lima (1998), os estudos sobre a incidência da epilepsia são raros, dadas as dificuldades de manter em observação uma população considerável ao longo dos anos, as baixas taxas esperadas e a dificuldade de diagnosticar a doença, imediatamente após as primeiras manifestações. Ainda de acordo com o autor, não são de prever grandes variações em relação aos estudos na literatura mundial. Assim, os números da investigação sugerem que as pessoas com epilepsia têm atualmente mais problemas em encontrar emprego do que a população em geral.
Embora os números da investigação variem, as taxas de desemprego são, geralmente, superiores para as pessoas com epilepsia, comparadas com as da população em geral.
A maioria dos profissionais que trabalham na assistência à epilepsia refere que a maior parte das pessoas com epilepsia pode e deve ter um rendimento tão bom como qualquer outra pessoa, contudo, esta mensagem ainda não é amplamente aceite.

Para mais informações, contactar: 
EPI Porto
Avenida da Boavista, 1015, 6º S 601
4100 – 128 Porto
Tel./Fax 226054959
epiporto@epilepsia.pt
Técnica Responsável: Dra. Cristina Silva

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Clipping




 


sexta-feira, 13 de julho de 2012

Revista "O Tripeiro" - Julho 2012

“Gosto do bairrismo popular do Porto”: Entrevista com Albuquerque Mendes, nome referencial da arte contemporânea, em destaque na edição de Julho da revista “O Tripeiro”.

Já nas bancas.
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segunda-feira, 9 de julho de 2012

Clipping

Caderno de notas


Publicado em 2012-07-03

1) Cada um à sua maneira, Partido Comunista e Bloco de Esquerda sonham ver repetida a situação grega. Não que anseiem por uma deterioração, ainda maior, das condições de vida dos portugueses. O que os faz salivar é a hipótese de o Partido Socialista seguir o caminho do PASOK, reduzido a uma expressão eleitoral marginal. A entrevista de Francisco Louçã ao Expresso é, a esse propósito, elucidativa. Lá, como cá, o PS está ligado à negociação do programa de ajustamento, tendo muita dificuldade em se libertar dessa herança. A táctica passa por sublinhar a co-responsabilidade dos socialistas com as políticas que estão a ser seguidas. O pior que lhes poderia acontecer seria, por isso, que o governo acentuasse a política de austeridade, fornecendo ao PS o pretexto para saltar do barco e evitar o desgaste. Na perspectiva do PC e do Bloco, quanto mais tempo a actual ambiguidade se mantiver, melhor.

2)Fazendo jus à sua proverbial capacidade de organização o PC, em conjunto com a CGTP, tem vindo a organizar, por onde passam membros do governo e, até, o presidente da República, pequenas manifestações "espontâneas" de protesto, sonoras e aguerridas o suficiente para justificarem a cobertura de repórteres viciados no sensacionalismo acrítico, incapazes de fazer uma pergunta com sentido a quem quer que seja e, muito menos, aos putativos representantes do povo sofredor. Trata-se de operações mediáticas que visam criar a sensação do alastrar, por todo o país, de um sentimento de revolta justificado pelos sacrifícios que têm vindo a ser impostos aos trabalhadores. Nada que não se tivesse já visto, dir-se-á. Talvez não seja exactamente assim. Se o que se passou na Covilhã não tiver sido uma fuga acidental ao guião pré-estabelecido, poderemos estar perante uma escalada nas formas de contestação, envolvendo o insulto e ameaçando a violência. Não é típico e, no entanto, talvez não seja de estranhar. Confrontado com o acontecido, Arménio Carlos não teve vergonha de recorrer a uma argumentação capciosa, sobre os excessos do governo, para justificar o sucedido. Estejamos atentos aos próximos episódios para perceber se, como muitos anteciparam, a mudança de secretário-geral na CGTP correspondeu a uma radicalização não apenas no discurso, como na prática, reflectindo a vitória da linha dura e uma inflexão no posicionamento dos comunistas. Um caminho perigoso a que a necessidade de ganhar a "pole position" ao BE na luta pelos eventuais despojos do PS talvez não seja estranha.

3)À reforma da justiça, quaisquer que sejam os méritos e pecados próprios, aplica-se a metáfora da gota de água que faz transbordar o copo. Depois do fecho de escolas, delegações das finanças, postos da GNR, centros de saúde, e sei lá o que mais, haveria de chegar um momento em que as populações do interior que ainda por lá se mantêm dissessem "o que é de mais, é moléstia". Aconteceu quando se decidiu encerrar o tribunal. Era lógico. Não sou eu que o digo, é Jorge Moreira da Silva, o número dois do PSD. Diz ele que aquele tipo de decisões devia obedecer a uma perspectiva integrada, de modo a evitar que se acumulem encerramentos nos mesmos concelhos, a maioria dos quais no interior do país. Pode parecer óbvio e, contudo, marca uma ruptura com a política da decisão ministério a ministério, sem qualquer coordenação horizontal, de que o desenvolvimento regional tem sido vítima. Moreira da Silva não é membro do governo. No Executivo, o pelouro parece ser de Miguel Relvas. Se isto não é um atestado de incompetência ......

4)A novela "Metro do Porto" continua. Afinal, o modelo de organização conjunta com a STCP não é o que se dizia e não se percebe por que demorou tanto tempo a decidir. Mesmo com todos estes atrasos, o governo não foi capaz de nomear a equipa de gestão. Rui Rio desculpou o ministro da Economia, ingénuo e vítima de politiquices. Santos Pereia apressou-se a desmenti-lo: não havia divergências, nem pressões, no governo. Nesse caso, foi mesmo só falta de consideração pela Junta Metropolitana do Porto e inépcia. Mais valia ter estado calado.

O autor escreve segundo a antiga ortografia

 
MARIA JOSÉ – Crónica Semanal do Público de Paulo Rangel


1. Foi algures nos idos de 1998, em vésperas do primeiro referendo sobre o aborto, que conheci pessoalmente a Maria José – Zezinha para os mais próximos, Maria José Nogueira Pinto para o público em geral. Para mim, é a Maria José ou não a tivesse chamado sempre e invariavelmente assim – um modo de chamar que anunciava e denunciava a intimidade distante e a distância íntima que acabámos por cultivar nos treze anos que haviam de seguir-se.

Nessa tarde de sol e de primavera, acompanhados pelos amigos comuns que ali nos apresentaram, almoçámos nas margens do Douro, mesmo junto à Ponte da Arrábida. E daí seguimos para uma das sessões preparatórias da campanha do “não”, em que supostamente ambos deveríamos falar. Digo supostamente, porque, depois de a Maria José ter falado, já quase nada ou mesmo nada havia para dizer. Raras vezes tinha ouvido – e raras vezes ouvi depois – uma intervenção que me tivesse impressionado tanto. Não eram apenas as palavras, não eram somente as ideias, não eram ainda as acções e os programas. Era a Maria José: ela estava no discurso. O discurso era, também e afinal, a Maria José.

2. A intervenção dessa tarde – entre discurso e debate –, muito para lá do tema e da ocasião, revelava e desvendava a sua autora. A apresentação de abertura, nem curta nem longa, carregada de filosofia, de valores e de utopia, era paradoxalmente uma verdadeira lição de pragmatismo, de conhecimento de realidade, de guias e critérios de acção. E uma vez aberto o debate, acorreu o turbilhão das perguntas de gente inquieta e de gente muito diferente, que, militando pelo dito “não”, tinha mundividências divergentes e contraditórias. Esse teste da audiência, em que o humano se jogou por inteiro, foi ainda mais avassalador. Maria José, que era uma executiva e gestora de tomo, com vasta experiência em grandes unidades administrativas, cultora de uma poderosa racionalidade, ao mesmo tempo que lançava, com zelo, os dados estatísticos, económicos e sociológicos discorria, com deleite e com cuidado, sobre filosofia, arte e teologia. Nenhum problema, por mais técnico que fosse, escapava ao seu olhar humano, profundamente humano, demasiado humano, daquele humano que conhece e afecta a elegância dos salões e o relento dos que dormem a céu aberto. Não havia nela – e não houve naquela tarde, que, mais do que uma tarde, me parece ainda hoje uma manhã – número que não se volvesse em pessoa. Ela gostava de cuidar e cuidar, para ela, era fazer dos números pessoas.

Se me lembro bem, terá sido o primeiro acto da minha primeira campanha “política”. Para quem, como eu, duvidava e continua a duvidar da justeza das minhas posições, aquilo não fora, apesar da inquebrantável convicção da Maria José, nem um baptismo de água nem um baptismo de fogo. Aquela “tarde-manhã” fora um subtil derrame de bálsamo.

3. Até então conhecia a Maria José enquanto figura pública, como qualquer de nós, fosse da sua passagem pela cultura, fosse da sua especialização e experiência nas áreas sociais, fosse da sua residência nas bancadas do parlamento. Daí em diante, fomo-nos cruzando nas mais várias iniciativas, fomo-nos achando numa ou noutra ocasião social, fomos criando uma empatia crescente. E, entretanto, também um pouco por circunstâncias fortuitas e nem sequer coincidentes, fui encontrando aqui e ali o Jaime Nogueira Pinto. Encontros, mais duráveis ou mais fugazes, que manifestamente iam apertando os nós e os laços, os nós e os laços de que fala o Alçada, o Alçada de todas adolescências tardias. Mas o impulso decisivo – o salto para a amizade, daquelas de quem se lê e de quem se escuta – veio dos lados da Maria João Avillez. A Maria João, com a supina arte de ligar gente, ligou-nos a um programa de rádio. E na rádio, o único meio de comunicação em que a exposição da intimidade não se corrompe em pornografia, o convívio semanal fez o resto – o resto que, viemos todos a descobri-lo, já tarde, nunca tinha faltado.

4. A Maria José – desses anos em que estive distantemente próximo – testemunhou-nos a mais importante e talvez a mais carecida qualidade dos políticos e, já agora, dos humanos: a independência de espírito. Assumia as suas convicções fundas e radicadas, mas nunca as apresentou com sectarismo, facciosismo ou fundamentalismo. Colocava-se firme do seu lado da barricada, mas isso nunca a impediu de apoiar um presumível adversário, se o tivesse por competente e credível. Não tinha medo do confronto e da palavra forte, mas poucos terão feito tantas pontes e fomentado tanto o diálogo com ideologias e crenças que pareciam da outra margem. Era detentora de uma visão ideológica global, mas não abdicava de entrar em projectos concretos de sinal diverso e de neles trabalhar em equipa para realizar o bem comum. Vivia a política com paixão, mas nunca deixou de perceber o carácter largamente instrumental dos partidos. Possuía uma grelha teórica invulgar, mas analisava os factos com um detalhe técnico e um conhecimento da natureza humana próprios de uma “self-made-woman”.

5. Nestes tempos conturbados, vejo os debates na televisão e falta-me a sua análise. Falta-me o seu conselho, a sua mensagem telefónica, o seu email, o seu artigo de jornal. Mas em especial, depois deste ano de Europa, de que estou tão interiormente próximo, falta-me a opinião de uma portuguesa que via a sua essência como portuguesa. Com a Europa em apuros e as Áfricas, os Brasis e as Chinas a vibrar, precisávamos de ouvir a Maria José, para quem Portugal não era imperial mas imperativo. Faz-me falta e faz-nos falta, apenas um ano depois. Eu sei – porque nos disse pelo seu próprio punho, embora com palavras de “Outrem” – que nada lhe faltará. Mas a nós, a nós portugueses, falta-nos alguém. Desde 6 de Julho de 2011 que há alguém que nos falta.

SIM e NÃO

SIM. Mario Monti. O que não tem conseguido fazer na Itália, logrou fazer no último Conselho Europeu. Visão estratégica, com realismo e sentido da oportunidade.

NÃO. Governo e transportes no Porto. O porto de Leixões, os STCP, o Metro e até o futuro do aeroporto (via privatização da ANA) são assuntos sempre adiados. O Governo dá sinais de “desnorte”: esperava-se mais e melhor.