Recital abre o Ciclo de Piano do Palácio da Bolsa António Vitorino de Almeida improvisa ao piano e dedica ao Salão Árabe o recital do próximo dia 24 de Março, pelas 21h30. A sala nobre da Associação Comercial do Porto, que está a ser alvo de restauro, é o local do concerto de abertura da edição de 2010 do Ciclo de Piano do Palácio da Bolsa.
A exploração improvisada sobre a primeira intervenção de restauro efectuada no Salão Árabe e a própria sala ocupará a primeira parte do concerto de António Vitorino de Almeida, considerado como um dos mais geniais improvisadores ao piano que existem. Para a segunda parte do recital ficará reservada a improvisação livre.
O Salão Árabe do Palácio da Bolsa é fruto do trabalho exclusivo de artistas portugueses e foi construído sob autorização de D.Maria II, tendo demorado 18 anos a ser concluído. A escolha recaiu sobre o ostensivo estilo árabe, com ornamentação em folha de ouro, inscrições árabes e portadas pintadas à mão, para que a burguesia portuense do século XIX demonstrasse aos visitantes oficiais o poderio económico e político da classe.
O próximo concerto do Ciclo de Piano realiza-se no dia 20 de Abril, com Michel Bourdoncle, um representante da escola pianística francesa, classificado como um dos mais conceituados pianistas da sua geração.
Os bilhetes para o concerto custam 12€ (adultos) e 7€ (crianças e portadores de Cartão Jovem).
As pré-reservas podem ser feitas através do número de telefone 222 017 092.
Sobre Vitorino de Almeida:
Nasceu em Lisboa, em 21 de Maio de 1940.
Aluno de Campos Coelho, finalizou o Curso Superior de Piano do Conservatório Nacional de Lisboa com 19 valores. Seguiu para Viena, onde se diplomou em Composição com a mais alta classificação conferida pela Escola Superior de Música daquela cidade (hoje Faculdade da Música), tendo sido aí aluno de Karl Schiske.
Como concertista, desenvolveu uma intensa carreira internacional, cotando-se entre os melhores pianistas portugueses do seu tempo, mas reduziu inevitavelmente essa actividade a partir do momento em que aceitou o posto de Adido Cultural em Viena.
Tal não o impediu, porém, de gravar mais tarde um CD editado pela ETE de Viena com a integral das 19 Valsas de Chopin, o qual recebeu o mais vivo elogio de figuras como, por exemplo, Alfred Brendel, e que muitos apontam como sendo uma das melhores interpretações de sempre dessa obra.
Desenvolveu uma enorme actividade (mais de setecentos e cinquenta concertos, um pouco por toda a Europa) com a artista austríaca Erika Pluhar (e também com o guitarrista búlgaro Peter Marinoff e, mais recentemente, com o cantor português Carlos Mendes), nos quais adaptou uma técnica pianística clássica, virtuosística e reconhecidamente inovadora a uma importante revitalização do chamado Wienerlied, a “canção vienense” e de muitos dos mais famosos standarts americanos, tendo obtido um grande êxito internacional com o CD “For Ever”.
A sua principal actividade é todavia a composição, sendo sem dúvida um dos compositores portugueses que mais obra produziu, desde a música a solo, para piano e outros instrumentos, à música de câmara, à música sinfónica e coral-sinfónica, ao “Lied” ou à ópera, além de muita música para cinema ou para teatro, tendo recebido o elogio expresso de figuras com a importância de um Hans Swarowski, de um Godfried von Einem, de um João de Freitas Branco ou de um Dimitri Schostakovitch.
Aproximando-se o 50º aniversário do seu início de carreira como compositor, quatro obras de sua autoria foram interpretadas, juntamente com a Sonata de Liszt, pela pianista austríaca Ingeborg Baldaszti no mais recente Festival de Bregenz.
Existem neste momento no mercado português cinco CD’s da editora “Numérica” integralmente preenchidos com a sua música, além de outros CD’s, nomeadamente do “Opus Ensemble”, que englobam obras de sua autoria.
Na Áustria e na Alemanha, tem vários discos e CD’s gravados com Erika Pluhar, e a banda sonora musical do filme “Capitães de Abril” está editada em Itália.
Embora não se considere a si próprio como um chefe de orquestra de raiz, já dirigiu praticamente todas as orquestras portuguesas e também algumas importantes orquestras estrangeiras.
Aluno no curso do liceu de figuras como António José Saraiva ou Jorge Borges de Macedo, foi por estes incentivado a dedicar-se à escrita literária, sendo actualmente autor de oito livros, tanto de ficção (“Coca-cola killer”, “Tubarão 2000”, “Histórias de Lamento e Regozijo”, “Um caso de Bibliofagia”), como de reportagem (“Polisário, Memória da Terra Esquecida”) ou ainda sobre música (“Musica e Variações”, “O que é a Música” ou “ Músicas da minha Estante”).
É ainda autor dos guiões já publicados da série “Duetos Im-previstos”, que apresentou na televisão com Bárbara Guimarães, da adaptação para teatro musicado de “A Relíquia” de Eça de Queiroz, que esteve quase dois anos em cena no teatro da “Barraca”, do guião do seu próprio filme, “A Culpa”, de vários outros guiões cinematográficos, nomeadamente das várias séries que apresentou na televisão, de peças de teatro, ensaios, etc...
Como realizador de cinema, é autor de “A Culpa”, o primeiro filme português a receber um 1º Prémio num Festival Internacional do estrangeiro (Huelva, 1980), de “As Mesas de Mármore” (filme austríaco com André Heller e Erika Pluhar nos protagonistas) e do documentário “Gemeinsam”, encomendado pela ORF.
Também tem trabalhado em Rádio e actuou pontualmente como actor em filmes e séries televisivas.
Foi presidente do Sindicato dos Músicos, e desempenhou durante sete anos o cargo de Adido Cultural da Embaixada de Portugal em Viena, tendo recebido duas das mais importantes condecorações atribuídas pela Presidência da República da Áustria.