sábado, 17 de janeiro de 2009

Debate - "Do Norte Preterido ao Norte de Eleição"

A resposta para as dificuldades que a Região Norte enfrenta está na política, seja pela via da regionalização ou da criação dos círculos uninominais.

O mote foi dado, num debate, pelo presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, Carlos Lage, que desafiou: “É o momento do Norte reclamar o seu papel, a sua dignidade e a sua autonomia”. "O Norte merece uma democracia regional", disse.

A aposta na política para fazer sair a região da crise foi a principal conclusão do debate “Do Norte Preterido ao Norte de Eleição – fazer da crise uma oportunidade”, realizado ontem à noite na Ordem dos Médicos, no Porto.

Mesmo com as ausências de Basílio Horta, presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (substituído pelo administrador Rui Marques) e de Castro Almeida, vice-presidente da Junta Metropolitana do Porto, o debate esteve longe de perder o interesse.

Carlos Lage, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN), desafiou a audiência ao afirmar: “É o momento do Norte reclamar o seu papel, a sua dignidade e a sua autonomia. O Norte não pode continuar a viver no estado de subalternidade que o tem caracterizado. Nós precisamos de um Norte político, de um Norte com eleições!”

Para Carlos Lage, o momento é dos mais propícios para retomar a luta pela regionalização, uma vez que já se atingiu um consenso quanto ao mapa das regiões, coincidente com o das actuais CCDR. “Hoje já é consensual um mapa regional; o mapa que foi apresentado há uns anos atrás era verdadeiramente delirante”, afirmou.

Carlos Lage espera que o PS não abandone a luta pela regionalização. Carlos Lage espera que o seu partido, o PS, não abandone a luta pela regionalização e faz votos para que na próxima revisão da Constituição se retire “essa excrescência” que obriga a referendar a regionalização. “O Norte de eleição deve ser um Norte de eleições a sério. O processo de recuperação da Economia tem também um carácter político”, concluiu.

Por seu turno, o presidente da Associação Comercial do Porto, Rui Moreira, votou contra a regionalização, mas depois verificou que não veio a prometida descentralização. “Mentiram-nos, vigarizaram-nos”, acusou.

E, na sua opinião, também não será desta vez que a regionalização chegará. “Agora que o mapa é o correcto, estão à espera que acabem os fundos estruturais”, ironizou. Para além disso, identifica mais sinais de desânimo, como um Presidente da República e uma líder do PSD contra a regionalização e um primeiro-ministro que, apesar de se mostrar favorável, lidera “um Governo centralizador”.

Em alternativa, Rui Moreira prefere “círculos eleitorais mais próximos e partidos regionais”, reclamando o “poder do voto para penalizar os políticos que não cumprem”. Para o empresário, o fim da responsabilidade limitada acabou com o empreendedorismo que caracterizava a Região Norte.

Rui Moreira recordou ainda que, nos anos 1980, o país se mobilizou para superar a crise que então se vivia na Península de Setúbal. Mas não acredita numa repetição da história, agora que o Norte necessita de apoio. “Nós temos um país que, quando nós precisávamos da sua coesão, dificilmente vai aplicar aqui aquilo de que necessitamos”, lamentou.

Mas nem a diferença de opinião de Rui Moreira fez Carlos Lage esmorecer: “Eu estava convencido que a luta pela regionalização tinha um baluarte no Norte de Portugal. Se o Norte perde este discurso, então não vale a pena falar mais em regionalização. O Norte merece uma democracia regional!” insistiu, lembrando que, neste cenários, poderiam coexistir partidos nacionais e regionais.

"Público"

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