terça-feira, 29 de junho de 2010

segunda-feira, 28 de junho de 2010

1 Milhão de euros investidos na segunda fase de recuperação do Palácio da Bolsa

A Associação Comercial do Porto inicia, no próximo mês de Outubro, a segunda fase das obras de reabilitação do Palácio da Bolsa, representando um investimento na ordem de 1 milhão de euros.

A assinatura do contrato de financiamento com a CCDR-n está prevista para finais do mês de Julho.

Com este contrato a Associação Comercial do Porto (ACP) assegurará um financiamento de 70% do valor global do projecto.

Os trabalhos vão demorar aproximadamente nove meses a ser concluídos e contemplarão a cobertura na envolvente das clarabóias da Escadaria Nobre e Sala Medina, rebocos exteriores das fachadas poente e sul e o restauro dos estuques e pinturas decorativas do Mestre António Ramalho, que revestem os tectos da clarabóia da Escadaria Nobre. Serão ainda abrangidos nesta fase as infra-estruturas eléctricas e de gás e a finalização do restauro do Salão Árabe.

Este projecto é o culminar de um esforço que a Direcção da ACP tem vindo a desenvolver na reabilitação e preservação daquele que é o edifício mais visitado no Norte de Portugal.

O investimento acumulado em obras desde 2006 ultrapassa já os 3,5 milhões de euros.

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terça-feira, 22 de junho de 2010

a propósito das SCUT



O presidente da Associação Comercial do Porto (ACP), Rui Moreira, alertou hoje para “um sentimento de revolta no norte”, resultado da “discriminação” na introdução de portagens nas SCUT, que “vai acabar mal de certeza absoluta”.
“Temos vindo a dizer que há um sentimento de revolta preocupante a norte, que tem a ver com esta situação de dois pesos e de duas medidas”, afirmou hoje à Lusa Rui Moreira, subscrevendo as declarações do presidente da Junta Metropolitana do Porto, Rui Rio, que segunda-feira alertou para o facto de o norte estar “à beira de se poder revoltar”.
Em declarações à Lusa, o presidente da ACP reconheceu a existência de uma “situação de sobressalto”, em que “as pessoas começam a achar que chega, um sentimento latente na sociedade nortenha que não deve ser confundido com manifestações político partidárias”, sublinhando que “uma das razões do fim do Governo PSD de Cavaco Silva foi a questão da Ponte 25 de Abril”
“É um aviso à navegação para o Governo que parece não querer ver”, alertou.
O dirigente associativo defendeu que “a discriminação regional [na introdução de portagens nas SCUT – Sem Custos para o Utilizar] é escandalosa. Percebia se o interior fosse discriminado favoravelmente, mas serem as regiões mais ricas discriminadas favoravelmente é insuportável”.
“Tolerando que é necessário apertar mais uma vez o cinto, não é razoável que seja feito com objectivo de discriminação de ordem regional como tem sido feito”, disse, reforçando não ter cabimento “as SCUT à volta do Porto ser portajadas e a CREL e outras não”.
Rui Moreira realçou que “o afastamento progressivo entre o cidadão comum, que percebe que é objeto de uma discriminação, e os representantes políticos no Parlamento vai acabar mal de certeza absoluta”.
Segundo o empresário, tem havido “a tentativa de cobrar” os protestos contra a introdução de portagens nas SCUT ao Partido Comunista, mas, sustentou, “quem pensa que é um sentimento empolado pelo partido da extrema-esquerda está enganado”.
O presidente da Junta Metropolitana do Porto, Rui Rio, alertou segunda-feira o Governo para o facto das pessoas da região norte estarem “à beira de se poderem revoltar”, apelando ao chumbo dos ‘chips’ na Assembleia da República para “acalmar” a situação das SCUT.
O bispo do Porto, Manuel Clemente, afirmou hoje que se deve olhar com “redobrada atenção” a advertência de Rui Rio sobre a possibilidade de a introdução de portagens pagas nas SCUT do Norte gerar revolta popular na região.
O presidente da Junta Metropolitana do Porto, Rui Rio (PSD), alertou segunda-feira o Governo para o facto das pessoas da região Norte estarem “à beira de se poderem revoltar”, apelando ao chumbo dos chips para “acalmar” a situação das SCUT, auto-estradas até agora sem custos para o utilizador.
“Uma pessoa com a responsabilidade e com a inteligência do Dr. Rio não fazia uma afirmação dessas de ânimo leve”, garantiu o bispo Manuel Clemente, numa breve declaração à agência Lusa.
“Se é uma pessoa como ele a fazê-la [a afirmação], temos de olhar para essa problemática com uma atenção redobrada”, acrescentou Manuel Clemente, que falava momentos antes de participar, na Faculdade de Economia do Porto, na apresentação do livro “"O que sabemos sobre a pobreza em Portugal?".

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sexta-feira, 18 de junho de 2010

Livro “Diálogo em Tempo de Escombros” apresentado no Palácio da Bolsa

O livro “Diálogo em Tempo de Escombros” da autoria de D. Manuel Clemente e José Manuel Fernandes foi ontem apresentado no Palácio da Bolsa, seguido de uma sessão de autógrafos.

Rui Moreira no seu discurso salientou que “este é um encontro que parecia pouco provável” e é “um diálogo sobre o país, o mundo do pensamento e a religiosidade”.

O Presidente da Associação Comercial do Porto referiu ainda tratar-se de "um livro muito bem escrito, um diálogo entre duas pessoas muito diferentes, com um conhecimento profundíssimo da sociedade portuguesa e da história” e salientou “é um encontro precioso conhecendo a dimensão ética destas duas pessoas”.

Discurso integral:

Senhor Dom Manuel Clemente, Excelência Reverendíssima,
Senhor Doutor José Manuel Fernandes,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,

A empreitada que me propuseram, de apresentar o livro de Dom Manuel Clemente e de José Manuel Fernandes, constitui um desafio. Desde logo, porque não sou filósofo, sociólogo ou historiador. Admito por isso que o convite que me fizeram esteja relacionado com o facto de esta apresentação decorrer aqui, nesta casa. Tive, por isso, o cuidado de esclarecer os editores que a cedência deste espaço não implicava qualquer contrapartida dessa natureza, desde logo porque ao abrir o Palácio da Bolsa a esta iniciativa, me limitei a cumprir com a missão da Associação Comercial do Porto, de inquirir das necessidades e promover não só a prosperidade mas também a ilustração da comunidade de negócios e da população em geral. Ora, estamos hoje perante a apresentação de uma obra que é, sem sombra de dúvida, um importante contributo para esse desiderato, e diante de duas pessoas com uma rara dimensão cultural.

Poderia, naturalmente, limitar-me a elogiar os autores, que todos muito consideramos, e a dar lhes as boas-vindas. Tive a honra de ser cronista do jornal Público enquanto este foi superiormente dirigido por José Manuel Fernandes e, quanto a Dom Manuel Clemente, já tive oportunidade de destacar, nos meus escritos, o seu enorme contributo cívico. Referi, no meu livro “Uma questão de carácter”, que a sua vinda para o Porto tem sido uma bênção para a diocese e para a cidade.

Poderia, também, tentar resumir ou sintetizar aquilo de que o livro trata, o que seria uma tarefa difícil pela multiplicidade e complexidade dos temas que são abordados. Optei, em vez disso, em falar da questão da dimensão portuguesa, que é um dos temas iniciais que preocupa ambos os autores, e que está presente em toda esta obra.

Aliás, quando José Manuel Fernandes questiona “se mais do que saber se nos atrasámos, importa perceber se o sonho da convergência com a Europa – um sonho velho de muitos séculos e que agora parecia ao alcance da mão – não se terá desfeito”, Dom Manuel Clemente responde dizendo que “Portugal só é viável fora ou para fora de si mesmo” porque, para além de ser parte de “uma Europa que não se pode esgotar no seu centro habitual mas deve reencontrar-se onde as suas fronteiras medievais se abriram ao Mundo, do Atlântico aos Urais”, tem também uma dimensão luso-africana e luso-brasileira, que é fundamental para Portugal e para a Europa.

Creio que neste tempo de escombros, em que as nossas confortáveis certezas se desfazem em pó, numa altura em que há um discurso apocalíptico que não propõe nem oferece soluções, e em que aqueles que decidem os nossos destinos parecem não compreender esta nossa dimensão, esse é um tema crucial.

Senhor Dom Manuel Clemente, Senhor Doutor José Manuel Fernandes, minhas senhoras e meus senhores,

Portugal pertence à Europa mais antiga, marcada pela emergência do Império Romano. Enquanto estado, nasceu no primeiro renascimento, no renascimento do século XII, e participou activamente na cultura cristã da Idade Média, que a Europa moderna posteriormente renegou como se fosse obscura e intolerante, mas que de facto foi brilhante, não apenas na religião, mas também na filosofia.

Portugal pertence à Europa cristã intacta, que resistiu à divisão de Lutero, e que ficou fiel a Roma. Portugal é, também, um dos poucos países que teve a fortuna de resistir incólume ao suicídio europeu do século XX.

É certo que, depois de uma epopeia expansionista, os ventos da história reduziram Portugal à sua dimensão europeia original, mas nem por isso afectaram a sua essência. Tal como acontecera após a independência do Brasil, podemos dizer, trinta e cinco anos após a descolonização do século XX, que mantivemos laços culturais e humanísticos com os outros povos com quem tivemos contactos. Em rigor, esses laços ainda existem, também, e são miseravelmente ignorados, na India e até no Extremo Oriente, onde a nossa influência política e estratégica não existe desde os tempos dos Filipes.

E isso acontece, como Eduardo Lourenço nos ensina, porque fomos os primeiros europeus a compreender que a civilização europeia, apesar dos seus avanços, não era a única com dimensão cultural. Ao contrário de Espanhóis, Franceses, Holandeses e Ingleses, para quem a Europa tinha uma superioridade humanística que contrastava com os outros povos, que eram vistos como selvagens, nunca tivemos uma visão sectária do mundo, como se comprova pela leitura da carta de Pêro Vaz de Caminha que, ao contrário dos espanhóis, nunca duvidou que os índios fossem seres humanos…

A verdade é que essa nossa consciência, porventura menos sofisticada, não excluía os outros, não negava a sua existência. Nesse sentido, a nossa cultura era mais modesta, mas mais sábia, do que a desses países que achavam que a sua cultura era o paradigma.

Creio que essa original mundividência da civilização portuguesa - e falo de civilização porque não se trata apenas de um traço cultural - não se esgotou, tal como não se esgotou o proselitismo de muitos outros povos europeus que tem dificultado a plena integração europeia, o que faz de nós um elemento importante, diria mesmo fundamental, para a Europa que queremos construir ou, como D. Manuel Clemente a descreve, de “uma Europa que se queira”.

Mas, essa Europa que se queira precisa de ser reinventada. Nos últimos séculos, o homem europeu começou por tomar consciência de si próprio, apreendeu a criticar-se a si mesmo e a questionar tudo o que inventa. A laicização europeia começou por essa altura, durante o século XVIII, mas foi seguramente nos últimos sessenta anos, e depois desses tais suicídios colectivos, ou seja das Guerras Mundiais que devastaram o continente, que essa laicização se intensificou. Durante esses anos, e apesar da influência que a religião teve na libertação do jugo comunista e, por isso, da afirmação da liberdade, a verdade é que a Europa virou as costas a essa sua identidade civilizacional, através de um liberalismo libertário, que prometia a felicidade e a satisfação imediata de todas as necessidades terrenas.

Voltando ao pensamento de Eduardo Lourenço, estávamos nós, os europeus, nessa felicidade, celebrando “a morte de Deus”, explicando a religião como uma reacção natural ao destino que é o obstáculo da finitude humana, quando descobrimos que os outros povos e os outros continentes não concordam com essa nossa lucidez extrema. Subitamente, descobrimos que esses povos também são felizes, apesar de as suas religiões continuarem a fazer parte da sua identidade, enquanto cultura e civilização. Descobrimos, também, estremunhados pelos ataques às torres gémeas, que o fim da história, que Fukuyama imaginara, e que não divergia do reino da paz perpétua de Kant, não estava para breve. Na última década, percebemos que o reino do tédio infinito continua a ser uma utopia, porque o homem é vírus do planeta que tudo corrompe.

Ora, à medida que o Mundo nos ia parecendo mais perigoso, com ameaças dificilmente perceptíveis à luz dos nossos velhos conceitos estratégicos, o sonho europeu também se foi esbatendo. Sem o perigo do comunismo, sem o espartilho da cortina de ferro, a Europa esboroou-se, dissipou-se num alargamento incontido, agravado pela burocratização da política e pela inépcia das instituições nacionais e supranacionais. Hoje, a Europa vive um clima de pessimismo, porque duvida das suas energias e porque sente que está a perder no confronto com os outros blocos económicos e, em particular, com as outras civilizações. E, note-se, civilização é, por definição, um confronto.

Antes, éramos nós, os europeus, quem pedia contas a essas civilizações, quem ingeria nos seus destinos, quem lhes impunha hábitos e costumes. Hoje, são eles que nos pedem contas, que nos exigem que acomodemos as suas diversidades, que se sentem insultados pelos nossos hábitos libertários mesmo quando os limitamos às nossas fronteiras físicas. Pior do que isso, acham que estamos perdidos e que eles estão salvos. Corremos, por isso, enquanto negamos a coerência das nossas origens, o risco de nos confrontarmos com a fé absoluta que os outros têm. Ora, a “não fé”, e a dúvida do que somos, não nos é o anjo da guarda mais propício.

Todas estas transformações tiveram um forte impacto em Portugal, que acabara de descobrir a Europa como o seu último e incontestado destino. O impacto da democratização e da adesão, a rejeição da sua essência e da sua história, os complexos de culpa pelos erros do passado, transformaram a nossa sociedade. Em duas gerações, os pilares da nossa sociedade foram atacados pela tentação jacobinista. Há quarenta anos, dizia-se, e com razão, que os três pilares da nossa sociedade eram Deus, Pátria e Família. Todos eles têm estado sob ataque cerrado.

Sempre houve quem recusasse ou duvidasse da existência de Deus, mas nunca aconteceu, como hoje, ser moda, e garantia de inteligência, recusar a sua existência; a Pátria tornou-se algo de difuso, um valor pelo qual ninguém está disposto a morrer; a família está debaixo de uma série de ataques sem precedentes. Por outro lado, a escola não foi capaz de desempenhar a sua função, como novo pilar social e cultural que poderia atenuar e contrabalançar a crise desses pilares tradicionais, e que poderia abrir, a todos, as portas do conhecimento, enquanto a liberdade cedo se confundiu com a impunidade, porque o regime foi incapaz, desde a primeira hora, de garantir a equidade e a justiça.

É neste contexto histórico de profunda incerteza e angústia que este livro, enquanto diálogo, tem um papel muito importante. Como escreveu José Tolentino Mendonça no seu prefácio, “a modernidade determinou uma recomposição do lugar público concedido ao cristianismo e há embaraços e impasses, de parte a parte, ainda por ajustar”. Esse ajuste, ou reajuste, é um trabalho que deve implicar e envolver ambas as partes. E, como se comprovou com a recente vinda de Sua Santidade o Papa a Portugal, e com as suas palavras, a Igreja Católica está, mais uma vez, um passo à frente, nesse nosso reencontro indispensável com as nossas origens e com a nossa essência.

De facto, Portugal precisa de reabilitar a sua mundividência, que lhe permite ser a porta de entrada e de saída da Europa. Precisa, também de se reencontrar com a sua essência cultural, de rejeitar o novo ateísmo e o anti-clericalismo, e de desistir de ser o campeão europeu das causas fracturantes. Precisa, para isso, de se libertar dos falsos moralismos, tantas vezes hipócritas, e de reencontrar uma espiritualidade que, não sendo exclusivamente religiosa – porque a espiritualidade não é vedada aos laicos - não pode ignorar a importância que a religião cristã e católica tem no país, e que é um importantíssimo factor de coesão social, principalmente em tempos de ansiedade.

Não será esse, seguramente, o único remédio para todos os nossos males, mas é essa a nossa missão urgente. É essa a única forma de subsistirmos perante as ameaças externas, de não nos vergarmos aos ultimatos das grandes potências, de não nos submetermos aos novos poderes transnacionais, de reencontrarmos um rumo que nos permita subsistir às ameaças e de assumirmos um papel relevante na tal “Europa que se queira”, de que nos fala Dom Manuel Clemente. Este “Diálogo em Tempo de Escombros” é um extraordinário e lúcido contributo para um debate necessário e indispensável, em que todos os portugueses, independentemente das suas crenças e convicções, devem participar.



terça-feira, 15 de junho de 2010

Curso SNC - Sistema de Normalização Contabilística - 28 e 29 de Junho


A Associação Comercial do Porto vai realizar nos próximos dias 28 e 29 de Junho, no Palácio da Bolsa, um curso sobre o novo Sistema de Normalização Contabilística (SNC).

Tratando-se de uma acção dirigida a utilizadores de informação contabilística e financeira, este curso pretende dar a conhecer as alterações que foram introduzidas pelo SNC, em vigor desde o passado dia 1 de Janeiro de 2010.

Ficha de inscrição:


Para imprimir a ficha de inscrição, clique na imagem.

Mais informações através do número 223 399 047 ou por paulovaz@cciporto.pt

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Apresentação do livro "Diálogo em tempo de escombros" - Palácio da Bolsa, 17 de Junho


R.S.F.F.: Paulo Vaz - 223 399 047 / paulovaz@cciporto.pt

Revista "O Tripeiro" - Junho 2010


A edição de Junho da revista "O Tripeiro" destaca a recente visita do Papa Bento XVI a Portugal.

Nas bancas a partir de 14 de Junho.

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segunda-feira, 7 de junho de 2010

João Menéres expõe no Palácio da Bolsa


No próximo dia 16 de Junho, pelas 18h30, terá lugar a inauguração da exposição ARK.

Esta mostra, da autoria de João Menéres, estará patente nos Claustros do Palácio da Bolsa até ao dia 30 de Junho.

Horário da exposição: 9h00 - 20h00

domingo, 6 de junho de 2010

EL PAIS 06/06/2010

Portugal no quiere ser Grecia

El Gobierno de José Sócrates trata de acelerar la salida de la crisis con un duro ajuste
FRANCESC RELEA

"Los portugueses comienzan a estar preocupados sin saber muy bien cuál es la causa de su preocupación. Sabemos que vamos a perder mucha calidad de vida, que habrá que hacer grandes sacrificios, pero no es una experiencia de vida que nos aparezca como tangible". La reflexión es del filósofo y ensayista portugués José Gil, de 70 años, considerado por el semanario francés Le Nouvel Observateur como uno de los 25 grandes pensadores del mundo.

El gasto a crédito ha hecho de Portugal uno de los países más endeudados
A diferencia de España, el ajuste tiene el apoyo de la oposición
"Tenemos miedo, pero no sabemos bien de qué", dice el filósofo José Gil
Los portugueses deberán cambiar su estilo de vida, avisan los expertos
En Oporto y Braga, el rechazo del centralismo está a flor de piel
El norte se queja de que las grandes obras públicas se quedan en Lisboa
Portugal vive una situación peculiar e inquietante. Analistas financieros, inversores y organismos internacionales le señalan como el siguiente de la lista, después de Grecia, si los planes de ajuste no consiguen frenar la crisis en Europa. "Tenemos miedo, pero no sabemos bien de qué", prosigue el filósofo. "La clase media y media-baja no saben en qué consistirá el cambio de vida. Para los pobres, que son muchos, dos millones, no hay futuro. Vienen las vacaciones y la gente intentará alargar el paréntesis. Cuando regresen, encontrarán un panorama bien distinto. Todo será más caro: el pan, la luz, el agua... Todo lo que condiciona nuestra vida aumentará, y mucho. El clima se enrarecerá y las consecuencias serán imprevisibles porque, por primera vez, los portugueses enfrentarán la realidad".

En un recorrido por Lisboa, Oporto y otros lugares de Portugal no se tiene la sensación de que la gente tenga privaciones, ni de que haya 600.000 desempleados (10,6% de la población activa), según el Instituto Nacional de Estadística (INE). Hay un sistema de subsidios que da de comer a mucha gente, y un buen número de parados se busca la vida a base de chapuzas. El discurso oficial ha repetido durante largo tiempo que la situación mejora. Hasta que se ha producido un giro de registro: ha llegado el momento de cambiar de vida, dicen ahora políticos, economistas y banqueros. "¿Harán caso los ciudadanos de esas advertencias y modificarán su estilo de vida?", se pregunta José Gil.

Las cifras ilustran la dimensión de la crisis y demuestran que los problemas de Portugal se han agravado dramáticamente en la última década. Hace 15 años, la deuda externa representaba el 10,6% de la riqueza nacional producida en un año. Ahora este valor supera el 110% del PIB. El consumo a crédito ha convertido Portugal en una de las naciones más endeudadas del mundo. El déficit público fue del 8% al cierre de 2009, y el crecimiento de la economía ha sido anémico desde el 2000, con un 0,5% previsto para este año. Fernando Ulrich, director ejecutivo del BPI, cuarto banco privado de Portugal, ha advertido de que el volumen de la deuda portuguesa es tan grande que no está claro cómo se podrá financiar el conjunto de la economía del país.
El Gobierno del primer ministro socialista, José Sócrates, ha tratado de calmar la inquietud de los mercados con un plan de ajuste que -a diferencia de España- cuenta con el apoyo de la oposición. Entre otras medidas, habrá una subida generalizada de los impuestos y un recorte drástico del gasto para reducir el déficit público hasta el 7,3% del PIB este año y hasta el 3% fijado por Bruselas en 2013. El IRPF subirá un 1% para los trabajadores con salarios hasta 2.375 euros mensuales, y el 1,5% para quienes estén por encima de ese límite. El IVA registrará un aumento del 1% en todos sus escalones y se impondrá un cargo adicional del 2,5% a las grandes empresas y a la banca. También se introducirán peajes en las autopistas gratuitas.

Como en España, el aumento imparable del paro es el lado más duro de la crisis. La destrucción de empleo se ha dejado sentir con especial saña en la construcción y la industria transformadora (78.000 en un año), pero también en el comercio mayorista, la restauración y las actividades financieras. Los contratos indefinidos siguen en caída libre, en un periodo marcado por el cierre de empresas. Hay 101.000 trabajadores menos en plantilla que hace un año. Entre los cuadros superiores de la Administración pública y dirigentes de empresa ha habido una pérdida de 73.000 empleos. Por regiones, el Algarve (13,6%) y el norte (12,5%) tienen los mayores porcentajes de paro. Lisboa registró el 10,5% el primer trimestre. Pese a la crisis, el último año hubo creación de empleo en algunos sectores, como educación y actividades de salud y apoyo social (66.000 puestos de trabajo), y en profesiones intelectuales y científicas. Las empresas están utilizando los contratos a tiempo parcial, unos 56.000.

Hasta aquí, las cifras. Para el filósofo José Gil, "la crisis financiera, económica, de competitividad y de ánimo social" de Portugal es, en definitiva, "una crisis de alma". Para ser más preciso, "es la necesidad colectiva de una supervivencia que abra perspectivas". "Queremos ideas para transformar este país de manera sostenible, que se cree una dinámica, que no volvamos a tiempos anteriores. Un cambio radical en las perspectivas de vida. Aquí va a cambiar todo, porque el impacto será en todos los órdenes de nuestra vida".

"Los portugueses siempre estamos atrasados 10 años en relación con lo que se hace en el resto de Europa", sostiene José Gil. Desde un ámbito distante de la filosofía, Rui Moreira, 53 años, cree que "a excepción de Alemania, todos los países europeos están en riesgo". "Aquí estamos ante el peligro de un efecto dominó que puede afectar a Portugal, a España y también a Italia". Moreira es un hombre de empresa, presidente de la Asociación Comercial de Oporto y voz activa en la defensa de la segunda ciudad de Portugal y primera de la región del Norte. "Aquí está la industria que emplea mano de obra y que exporta. El Norte es una de las regiones más industrializadas de Europa, a pesar de las empresas que han cerrado las puertas", dice en su despacho en Foz do Douro, con una bella vista del Atlántico.

En su opinión, los políticos han sido pillados desprevenidos por el ciclón griego y cada uno trata de afrontarlo como puede. "Todos dicen que no somos Grecia. Lo dice Irlanda, lo dice Portugal, España, Italia. Portugal está en un callejón sin salida, porque en los últimos años la economía portuguesa pasó a depender en gran medida de la economía española". Por consiguiente, si España no crece, difícilmente crecerá Portugal. El problema ibérico, en palabras de Rui Moreira, debería ser motivo suficiente para que los dos vecinos diseñen una estrategia conjunta. "Si el futuro del euro está en riesgo, es muy importante que Portugal y España comiencen a articular cómo sería este mercado que yo llamaría Iberolux, a ejemplo de la antigua Benelux". Esta "Iberolux" es poco menos que una realidad en la esfera económica. La relación bilateral es cada día más intensa a lo largo de la frontera, y "los vínculos entre Galicia y el norte de Portugal se han estrechado mucho en los últimos tiempos".

La radiografía que Rui Moreira hace de su país tiene varios elementos que confluyen en el problema real de Portugal: el crecimiento anémico de los últimos 10 años. La falta de competitividad, la globalización y el crecimiento desproporcionado de las economías orientales, y la apertura de la Unión Europea a los países del Este, provocaron en Portugal y España una drástica caída de la inversión en el tejido industrial, que tardó en hacerse visible porque los instrumentos europeos permitieron durante un tiempo enmascarar la falta de competitividad.
Por si esto fuera poco, la entrada en el euro era muy interesante para Alemania, que tenía un gran superávit, pero para Portugal se transformó en un dilema. "Perdimos un instrumento fundamental para la política de expansión de las exportaciones como es la moneda", señala Moreira. "Hemos acabado por tener una moneda que es excelente para comprar los productos importados, para comprar paquetes de vacaciones, que propicia el gasto privado, pero que no nos ayuda a ser competitivos a la hora de exportar".

La cuestión es qué margen de maniobra tiene una economía como la portuguesa para ganar competitividad industrial y corregir los desequilibrios en el seno de la Unión Europea. "Hay que reequilibrar la balanza", dice sin dudar Rui Moreira, y tomar medidas de ajuste "contra la dictadura del consumo y del consumidor, mirando cómo actúa EE UU". Sin caer en el proteccionismo y sin acatar "la competencia poco ortodoxa" que supone la política agrícola común, que beneficia esencialmente a Francia. "Aquí hay un desajuste. Europa no puede seguir pagando la factura de un proteccionismo agrícola y ser hiperliberal con su industria, so pena de correr el riesgo de quedarse sin industria en un país como Portugal. No creo que España y Portugal puedan convertirse en países de servicios", dice Moreira.

El desafío de la industria portuguesa para ganar competitividad es invertir para estar más cerca de Europa, de los centros de consumo. Lógicamente, el acercamiento pasa por España, vía de tránsito para hacer llegar y comercializar los productos portugueses a Europa. En este escenario, el debate sobre el tren de alta velocidad ibérico sigue abierto, especialmente en lo que se refiere al transporte de mercancías.

Autoeuropa, fabricante de Volkswagen en el parque industrial de Palmela (al sur de Lisboa) y una de las principales empresas de Portugal, ha hecho saber que no está interesada en el uso de la futura red de alta velocidad. Sus directivos se quejan de que nunca fueron consultados sobre el AVE. El asunto no es menor, ya que se trata del mayor exportador portugués, que representa el 1,9% del PIB nacional, y del que depende un universo de pequeñas empresas del sector del automóvil. El año pasado, el valor de sus exportaciones superó los 3.500 millones de euros. "Éste es un buen ejemplo de cómo las inversiones públicas no tienen en cuenta nuestras necesidades competitivas", dice Rui Moreira. De momento, el tramo de alta velocidad Lisboa-Madrid, defendido a capa y espada por los dos Gobiernos, está paralizado por falta de recursos, tras la reciente decisión de la parte española de suspender la construcción.

Sectores empresariales portugueses defienden la conexión ferroviaria entre los dos países ibéricos para el transporte de mercancías, aprovechando la red española. Es un objetivo que tiene varios obstáculos, de entrada el ancho de vía distinto. En lugar de autopistas y de alta velocidad, Moreira propone "la construcción de un gran puerto seco, que podría ser en Aveiro, y que nos conectaría a España y a Europa a través de Burgos y Valladolid", para sacar las mercancías de la carretera y aumentar la competitividad bajando precios. En la cumbre hispano-lusa de Figueira de Foz (2003) se acordó construir la línea Aveiro-Salamanca, y desde entonces nada se ha avanzado.

En el norte de Portugal, el rechazo del centralismo está a flor de piel. Basta mencionar el asunto para despertar los demonios. "Portugal es el país más centralista de la OCDE, más que Francia", "vivimos en un régimen colonial", "tenemos un presidente de la República que es el mayor centralista de Portugal y tenemos un Gobierno extremadamente centralista", son algunos de los comentarios recogidos en la región Norte. La realidad es que en Portugal están prohibidos los partidos regionales, y los diputados elegidos en Oporto, según la Constitución, no representan a los electores de Oporto, sino al electorado nacional.

El sentimiento de discriminación crece día a día en Oporto y Braga, los dos grandes núcleos del Norte, que no tragan que los grandes proyectos de obras públicas -el AVE, el segundo aeropuerto, la plataforma logística- estén todos previstos en Lisboa. La sensación de abandono es muy sensible no sólo en el Norte, sino a lo largo de la frontera con España.
"La economía portuguesa y de la región norte registraron dos recesiones en un periodo de 10 años", explica Carlos Lage, presidente de la Comisión de Coordinación y Desarrollo Regional del Norte, con sede en Oporto. "Los rasgos pesimistas del carácter de los portugueses se acentuaron, y el país vive hoy en un clima de pesimismo generalizado".

La competencia de los países asiáticos y la ampliación del mercado europeo han tenido efectos devastadores en la región. La quiebra de pequeñas y medianas empresas disparó el desempleo en una industria bastante sólida y exportadora -calzado, maderas, textil-, basada en salarios bajos, una productividad pobre y en productos poco diferenciados, pero que absorbía mucha mano de obra.

La ausencia de políticas públicas de apoyo a las pymes, que constituyen el 99% del tejido industrial, ha sido la puntilla. António Marques, presidente de la Asociación Industrial del Minho, se queja de la falta de incentivos a las exportaciones y a la política de ahorro. La crisis ha puesto al descubierto las limitaciones de muchas empresas. Las que no han podido adaptarse han cerrado las puertas, y la región vive un proceso de búsqueda de nuevas áreas de negocio e inversión.

El sector textil es uno de los que lleva la peor parte, con una caída de las exportaciones del 32% en los últimos nueve años. En 2009 quebraron más de 200 empresas, de las que 150 eran textiles. En el distrito de Braga, el desempleo supera el 15%. En Guimarães, otro polo industrial, el paro se disparó. El calzado, en cambio, se ha modernizado y ha sido capaz de mantener capacidad competitiva con sus rivales italiano y español. El sector ha perdido empleo y empresas, pero con la creación de marcas propias consigue exportar 1.200 millones de euros al año. Así es Portugal, un país que combina modernidad y arcaísmo. -

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Discurso de Rui Moreira por ocasião da visita ao Palácio da Bolsa do Presidente do PSD

Senhor Presidente do PSD, minhas Senhoras e meus Senhores,

Queria-lhe agradecer por ter aceitado o convite da Associação Comercial do Porto para aqui estar hoje. Naturalmente, os sócios desta casa, e os nossos convidados estão interessados em ouvi-lo e, por isso, tentarei ser breve. Mas, não podia deixar de aproveitar a sua presença para lhe dar conta de algumas das nossas maiores inquietações, num momento grave para o país em que, sem exagero, se pode dizer que estamos confrontados com uma crise que afecta a nossa subsistência enquanto nação soberana.

Por isso mesmo, porque a crise existe e não podia já ser mascarada com operações de maquilhagem, compreendemos que o PSD tenha apoiado algumas das medidas urgentes que o governo português foi forçado a tomar, há algumas semanas. Melhor teria sido, é claro, que a iniciativa tivesse partido do governo. Em vez disso, ao teimar numa política irrealista, Portugal sucumbiu a um ultimato e viu-se obrigado a ajoelhar perante as exigências dos mercados e dos nossos parceiros.

Nessa circunstância, meu caro Pedro Passos Coelho, o seu sentido de Estado só pode ser louvado, ainda que se tenha compreendido que o remédio adoptado, e que o PSD viabilizou para conter essa emergência, não foi aquele que preconizava.

Infelizmente, é pouco provável que essas medidas resultem numa solução durável. E, nos últimos dias, o Governo vai dando sinais que, depois de contar com esse apoio patriótico do PSD, se volta novamente para a esquerda a fim de encontrar apoios para persistir nas políticas que foram, pelo menos em parte, responsáveis pela actual situação das contas públicas e, pior do que isso, pelos problemas estruturais da economia.

De facto, pode-se dizer que o Governo apenas adiou algumas das suas obras faraónicas porque não tinha condições para as financiar, e é inegável também que pouco ou nada pretende fazer para reduzir a despesa pública primária, tendo optado onerar os contribuintes com sucessivos aumentos da carga fiscal. Estamos perante um pacote recessivo, administrado a conta-gotas, em que será o sector privado da economia a pagar a factura, o que é manifestamente injusto e é, também, contrário ao desígnio sempre anunciado e nunca realizado de promover o crescimento económico.

Ora, sem esse crescimento económico, cujos ténues sinais serão certamente abafados por estas medidas, os problemas das empresas vão-se agravar e, se assim for haverá mais desemprego, mais falências e menos receita fiscal. E, se olharmos ao actual clima que se vive na Europa e em particular na zona Euro, é provável que estejamos em vésperas de novas imposições.

Acresce, meu caro Pedro Passos Coelho, que este sacrifício, que é injusto pela razão que expus - porque onera principalmente as empresas e todos aqueles que dependem da economia privada, ou seja, aqueles que criam a riqueza nacional - comporta ainda uma profunda desigualdade.

Estou a falar, naturalmente, da discriminação regional que está presente em todas as opções do Governo no que diz respeito às obras públicas, em que o Norte em particular é muito prejudicado, o que é paradoxal e inaceitável na medida em que tem sido a região do país mais fustigada pela crise estrutural e pelos problemas conjunturais.

Mas, é bom que se diga que não é apenas nas obras públicas, na sua localização e no seu financiamento, que o Norte é mais prejudicado.

Não é apenas na concentração de obras públicas a sul, que serão viabilizadas através dos recursos que deveriam ser alocados a norte ou que deveriam estar disponíveis para as empresas;

Não é apenas nas SCUT, em que a Norte se aplica o princípio do utilizador pagador e a sul se aplica o princípio do utilizador não pagador;

O mesmo acontece com o QREN, que nos vai sendo roubado através de políticas de cariz neocolonial;

O mesmo acontece com as anunciadas políticas de privatização, em particular da ANA, em que as nossas infraestruturas estão condenadas ao papel de mero enxoval;

O mesmo acontece com as políticas de promoção turística, em que se privilegiam outras regiões e se esquece o Norte;

O mesmo acontece com o centralismo, e com a absurda concentração em Lisboa de todos os serviços relevantes do Estado, como foi o caso recente com a AICEP;

O mesmo acontece com os PIN, que por milagre se concentram todos a sul do Mondego;

O mesmo acontece com as políticas energéticas, em que o país beneficia das barragens mas não paga os seus custos ambientais nem devolve às populações locais qualquer vantagem;

O mesmo acontece com as políticas fiscais e com as políticas laborais, que prejudicam e reduzem a competitividade das empresas que produzem bens e serviços transaccionáveis;

O mesmo acontece, até, com as políticas sociais, onde se reduzem os apoios aos desempregados que estão, como se sabe, em maior número a Norte;

Senhor Doutor Pedro Passos Coelho,

Estamos hoje no Salão Árabe, no Palácio da Bolsa, sede da Associação Comercial do Porto. Aqui, entre estas paredes, falamos à vontade, porque não dependemos de subsídios e nem de traficâncias. Aqui, minhas senhoras e meus senhores, não há medo de dizer a verdade.

Por isso, e a bem da verdade, lanço um aviso deste púlpito:

Vive-se no Norte, um ambiente extremamente depressivo. Todos o sabemos, e compreendemos as razões. Por isso, estamos disponíveis para continuar a fazer sacrifícios, a bem de Portugal.

Contudo, engana-se quem subvaloriza esta situação, e ilude-se quem acredita que tudo iremos aceitar com conformismo e resignação. Há hoje um sentimento latente de injustiça, face ao sobrepeso do Estado que se concentra em Lisboa e aniquila as nossas empresas, e um sentimento inequívoco de revolta contra a duplicidade dos políticos, principalmente daqueles que esquecem o interesse dos seus eleitores. Engana-se quem pensa que o Norte vai continuar a pagar a factura da farmácia, se os remédios forem meros paliativos que, por norma, são todos utilizados para benefício da capital.

É, por isso, porque há uma situação de desigualdade gritante e um sentimento de revolta que é preciso contrariar, que aqui faço um apelo para que se tomem medidas urgentes para contrariar essa situação. Por isso, Senhor Doutor Pedro Passos Coelho, compreenderá que aproveite esta sua visita para exortar o PSD a não esquecer esta questão, e a não pactuar com nenhumas políticas do Governo que acentuem, ou não atenuem, estes desequilíbrios e estas injustiças. Não haverá coesão nacional nem uma comunhão de vontades para sobreviver à tormenta e ultrapassar a crise, sem coesão social e coesão territorial.

Muito mais teria para lhe dizer, Senhor Doutor Pedro Passos Coelho, mas é tempo de o ouvirmos, agora.

Muito obrigado.

Pedro Passos Coelho no Palácio da Bolsa

O Governo deve «rever programa» e «refrescar» equipa. Estas foram algumas das ideias defendidas por Pedro Passos Coelho ontem num jantar-debate no Palácio da Bolsa, no Porto, para uma plateia constituída por empresários e autarcas.

O Presidente do PSD sustentou também ser fundamental que o Governo apresente ao país um golpe de asa, lembrando “Se já teve esse cartão amarelo nessas eleições, [o Governo] deve agora ser mais cuidadoso e deve mostrar que não tem problema, pensando no país, em rever o seu programa e provavelmente refrescar o seu Governo. Isso acontece nas equipas”.

Passos Coelho ressalvou ainda ser importante rever o Programa do Governo e adoptar outras medidas. “Ou o Governo faz isso ou então mais cedo do que tarde será preciso um governo que o faça” salientou, afirmando que “Ninguém quererá ser primeiro-ministro para administrar a miséria e a pobreza”.

O Presidente da Associação Comercial do Porto, no discurso de abertura do jantar, transmitiu algumas das suas maiores inquietações “num momento grave para o país em que, sem exagero, se pode dizer que estamos confrontados com uma crise que ameaça a nossa subsistência enquanto nação soberana”. “O Governo apenas adiou as suas obras faraónicas porque não tinha condições para as financiar, e é inegável também que pouco ou nada pretende fazer para reduzir a despesa pública primária, tendo optado por onerar os contribuintes com sucessivos aumentos da carga fiscal” afirmou.

Rui Moreira referiu ainda que a “discriminação regional está presente em todas as opções do Governo no que diz respeito às obras públicas, em que o Norte em particular é muito prejudicado” e reforçou, “é paradoxal e inaceitável, na medida em que tem sido a região mais fustigada pela crise estrutural, e pelos problemas conjunturais”.

Enunciou vários exemplos em que o Norte é prejudicado: as SCUT, o QREN, as anunciadas políticas de privatização - em particular da ANA -, as políticas de promoção turística, a absurda concentração em Lisboa de todos os serviços relevantes do Estado, os PIP, as políticas energéticas, fiscais, laborais e sociais e o financiamento às autarquias.

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